Beefs

Bem, antes vou fazer um breve resumo daquilo que será a minha abordagem, seguindo os parâmetros ordinários na escrita de qualquer crónica.

Bifes (beefs) ou desentendimentos entre indivíduos (rappers) construtores de dada realidade social, existiram, existem e com certeza sempre hão de existir, pois, foi assim que segundo a igreja ou a Bíblia o mundo possui a forma bidimensional (Deus Vs Satanás).

Estamos ávidos de ver desentendimentos a tomarem um fim de maneira mais adulta. Pese embora este facto esteja padronizado, em que os indivíduos tendem naturalmente a se desentenderem, podemos sempre escapulir deste ortodoxo. E de certa forma, os mais idóneos ou experientes na matéria, deviam saber resolver as suas desavenças (na maioria por coisas banais) da maneira mais adulta possível, com o intuito de podermos passar um legado sem precedentes ao nosso publico alvo.

Em muitos casos estes ditos seguidores acabam por adoptar comportamentos relatados nas composições que na sua maioria, não passam de meras ilusões para se alcançar o título de melhor MC, patrão ou mesmo o tractor que vem varrer a lixeira.

Vejamos: Kid Mc Vs Extremo Signo

Kid MC Vs Extremo Signo, dois monstros e lendários MCs da velha/nova escola (meu ponto de vista) que ano após ano vão conquistando seus espaços e consequentemente fincam a sua afirmação no Hip Hop Nacional e não só.

Extremo Signo 2013

Extremo Signo, o maligno vindo das ruas arrastando MCs em battles de Freestyle, passando pelo Big Show Cidade e tendo deixado seu legado nos microfones daquele programa vencendo uma das finais (do mês) do mesmo com grande classe, deixando o cota Kool Klever e o Big Nelo pasmados, com comentários do género: “o puto tem dicção, língua portuguesa no lugar e rápida velocidade de expressão” (lembro-me como se fosse hoje) .

Sempre tive uma grande admiração por este MC, batalhador e sempre firme nas suas composições tanto em mixtapes como “O Último Samurai” ao Elenco de Luxo “Isto Não é Um Grupo”.

Kid Mc

Kid MC, outro nigga que despensa comentários desde o tempo de Vulcão e Kid que acompanho o trajecto do mano (já agora, onde anda o Vulcão?) pese embora o álbum com o Vulcão não ter tido tanto protagonismo, como um bom lutador, não apenas pela arte marcial a que o mesmo é praticante, mais reconhecemos o mesmo por ser um batalhador pois argumentos espumam-se diante de factos, o mano tem estado a demonstrar que merece este status, pois, a obra Caminhos serviu para definitivamente retira-lo do anonimato a qual por muito tempo esteve preso.

Estamos a falar de dois MCs que durante muito tempo tiveram de braços dados em projectos que marcaram uma época no nosso Hip Hop.

Para figuras com as dimensões acima relatadas, que com certeza têm os seus papéis e objectivos definidos e sobretudo uma responsabilidade moral por parte dos seus ouvintes, era de bom agrado que resolvessem as suas desavenças da forma mais inteligente possível ao invés de algumas barras em tracks musicais, pois, existem duas coisas que não voltam: O Tempo e as Palavras.

Portanto, se um dia os ânimos estiverem menos alterados e decidirem colocar uma pedra por cima disto tudo, poderão até voltar a ser aqueles amigos que sempre foram, mas as palavras proferidas um para outro em registo digital (RD) vão de certeza impossibilitar este entendimento.

O resultado de acções muitas vezes não são frutos de uma intenção premeditada, vivemos um processo reflexivo em que somos os escultores e escultura das nossas próprias vidas, isto segundo A. Guidens.

Portanto devemos sempre que possível, olhar para o próximo como um de nós, ao que Madiba (D.E.P) denominou Ubuntu.

Os músicos, têm uma grande responsabilidade que é, a de moldar comportamentos de indivíduos na estrutura social, pois, sois ou somos também cientistas sociais pelo facto de termos a sociedade como nosso laboratório e sobretudo, ser ela o nosso campo de acção. Pensem nisso…

Texto Por: Marcelino dos Santos (Cub-G)


Cenas Que Curto

CEO do site CenasQueCurto.Net

2 comentários

A Chi Du · 5 de fevereiro de 2014 às 18:06

O rap é uma cultura, como tal o beef é um dos elementos da mesma, certamente pode ser dispensado, mas aqueles que o fazem tem as motivaçoes o que não deve por em causa o facto de serem maduros ou não. Se a batalha for lirica, e não entrarem em outros campos o beef até da alma ao RAP. Pois caa um defende o diz com unhas e dentes. É a minha opiao não é para estar certo.

Marcelino dos Santos Cub-g · 9 de março de 2014 às 21:05

Quando simples actos líricos transcendem os microfones e passam p agressão física a situação torna-se bastante desagradável.
Triste cena ocorrida neste fim d semana, bastante desagradável p o Hip Hop nacional. Totalmente desapontado.
Mens sana in corpore sano

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