Primeiro, devo pedir desculpas pelo (longo) tempo de ausência dessa coluna que prometia ser semanal, ou quinzenal, no pior dos casos.
Sem mais voltas, passamos ao que importa, o álbum marcante para hoje. Depois de passagens por Angola (MC K), Portugal (Fuse, Black Company), Brasil (Gabriel o Pensador), a coluna volta ao Rio de Janeiro, mais especificamente para a CDD (Cidade de Deus).
Assim começa o álbum: MV Bill está em casa, pode acreditar…Introdução do álbum “Traficando Informação”, cuja primeira versão foi disponibilizada em 1998, com o título “Mandando Fechado”, tendo sido regravado em 1999 e posto em circulação em Maio de 2000 com esse novo título: “Traficando Informação”
Na segunda faixa do MV (Mensageiro da Verdade), aparece a faixa que dá título ao álbum, uma descrição da dura realidade das favelas do Brasil. Frases marcantes: “isso acontece porque aqui ninguém ajuda ninguém…”, “cuidado com os convites… convites para roubar, para fumar, para matar… mas ninguém te convida para trabalhar…”
“Quem é o cara? Um criolo revoltado com uma arma, este é o título da 3ª faixa do álbum, contando mais uma história típica da favela, onde a esperança de vida não vai além dos 30 anos (PS: estatística empírica)
A história de Marquinhos Cabeção, um rapaz de 15 anos que tinha o sonho de ser jogador de futebol mas acabou por entrar no mundo do crime, bom… o resultado todos conhecem. Mais um retrato da favela.
Como é comum no álbuns de RAP, há sempre uma música a falar da “balada” e nesse não foi diferente: A noite é o título da música. “Festeja a noite, celebrando a cada momento…”. A faixa seguinte traz um apelo ao bom senso, à moralidade, uma conversa “De homem pra homem…”
No meio desta cruzada pela favela, MV Bill mostra o guia para entender as favelas, como sair vivo delas: “Como sobreviver na favela”
A 8ª música foi vencedora do´conceituado prémio Hutúz em 2000, “Soldado do Morro” é um verdadeiro clássico do RAP Brasileiro, com uma base simples, letra directa, sem meias palavras…
Dando sequência a esse autêntico filme, é proposta a música “Constraste Social” – desemprego, miséria, morte de um lado e do outro a parte brilhante da sociedade capitalista. Uma música que pode se enquadrar em qualquer país do 3º mundo…
“Pare de babar” é um recado para quem tem complexo de inferioridade, uma incursão a um problema que ainda existe no Brasil, o racismo.
Na penúltima música do disco, mais uma mensagem social em “Atitude errada” . Frases Marcantes: “a vida é curta, procure alguma coisa útil para fazer…” “.. o nosso inimigo é outro”
Para fechar em grande, uma grande dedicatória para as favelas do Rio de janeiro em “Sem esquecer das favelas”, acreditem, são muitas mesmo…