Hip Hop é uma cultura jovem com aproximadamente 35 anos de existência, cultura esta que tendo se originado nos Estados Unidos da América, rapidamente se transformou em patrimônio mundial. Chegou a África não como a febre aftosa invasora do imperialismo/colonialismo o fez (por meio de Igrejas). Antes pelo curso normal do modernismo a que se instalou.
Chegou particularmente em Angola finas de 80, princípios de 90 e apresentava um quadro original, repleto de técnicas, causas e conseqüências .
O cenário era marcado por um lado pelo grupo SSP, que na altura eram os únicos rappers com obras discográficas no mercado, e por outro um vasto leque de rappers, activistas, verbais equilibristas que defendiam os reais fundamentos da cultura Hip-Hop. Dentre eles destaca-se o Mc Katrojipolongopongo ou simplesmente “Mc K”.
2000 foi um ano marcado pelo despertar da mente, de um movimento independente, também conhecido por circuito fechado, e a chave d’ouro do inicio deste milênio foi sem sombras de duvidas, o precioso petróleo bruto, proveniente do chafariz do Hip-Hop em Angola que nada mais é do que a saudosa produtora independente “Masta K”, que em 2001 fez jorrar para toda a lusofonia e o mundo um dos primeiros álbuns clássico do movimento Underground, o álbum de estréia de Mc K “Trincheira de Idéias”.
Se nos atermos a motivos alheios a Revolução Francesa, diríamos que esse memorável álbum é criteriosamente de “Esquerda” como o coração que pulsa no peito do Katroji. É um álbum politicamente incorreto e lançado numa época em que o cerne da Guerra civil em Angola caminhava para o seu ápice, obviamente era necessário que a coragem de um fosse maior que o medo de muitos (a esmagadora maioria).
Aliado as dificuldades por que se passava o movimento Hip-Hop, surgia com essa obra, a formula para todos os outros rappers que aspiravam lançar obras discográficas de forma independente.
A sonoridade rústica, os samples criteriosamente seletos e repletos de musicalidade angolana, os temas abertos a discussão, espelhavam as feridas de um povo a muito oprimido bem como as doenças e as crises do modernismo que a cultura européia havia implantado.
Katroji, tratou de ambientalizar a todos aqueles que abraçassem o seu rap, ao linguajar tipicamente angolano, com rimas sempre bem assentes, com uma métrica fora do comum e uma escrita bastante erudita.
Todos esses elementos acima citados fazem desta grandiosa obra discográfica um “Clássico” do Hip-Hop Angolano.
Texto Por: José Lino
Clique na imagem para baixar esse que é um dos álbuns mais marcantes de sempre da nossa biblioteca de Rap Lusófono…
Deixem os vossos comentários, criticas, sugestões e até a próxima quarta-feira com mais um álbum marcante…