O rapper angolano MCK lançou, em Lisboa, o seu novo trabalho, "Proibido Ouvir Isto". Numa entrevista à Voz da América, disse que o álbum tem este nome, "porque faz um reflexo" de 10 anos de carreira "premiada com perseguição política, várias intimidações e algumas detenções".
Recordou, como exemplo, que após a publicação do seu primeiro disco "Trincheira de Ideias", em 2002, um jovem foi morto pela guarda presidencial por cantar música de MCK na rua. Na faixa "A Bala Dói", canta que "sempre nos prometem comida mas só nos dão porrada".
Crê que a sua música representa um fórum onde se fala dos "temas intocáveis" do pais, como o racismo e política, sustentando que em Angola, não há debates.
"Até mesmo na Assembleia Nacional,não há grandes discussões. Para aprovar uma lei, basta o MPLA mandar 50 deputados levantar a mão", disse MCK.
MCK considera o racismo "uma questão de educação; passou a escravatura, passou o colonialismo, mas ficaram muitas marcas. Ainda existe o complexo de inferioridade de pessoas que foram educadas [para acreditarem] que o branco era uma raça superior".
"Preto só com massa ou se for figura", canta MCK na faixa "Na Fila do Banco".
"Ainda existe o conceito de ‘vou-me envolver com alguém de pele mais clara para evoluir a raça’", disse notando serem "burrice" esses preconceitos assim como as referências pejorativas aos mulatos e aos brancos.
Para MCK o Hip-Hop angolano é "uma nova ferramenta" de participação política que veio "ressuscitar o espírito combativo da oralidade da música dos anos 70. E vem reincarnar o espírito da música que se fazia na decada de 60 e 70, que era uma música contra a repressão colonial".
Essa música, lembra o rapper, falava dos problemas da altura e o hip-hop fala dos problemas de hoje, como a pobreza, o racismo e a corrupção. E representa "cada um de nós a colocar a sua pedrinha na edificação de uma Angola melhor e diferente".
Fonte: www.voanews.com
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