AlternativoRap: Um dos MC’s mais queridos no cenário do hip-hop caseiro pela forma isenta como faz rap, estando ausente desde o lançamento do álbum “O Homem e o Artista”…
Keita Mayanda: É verdade que eu sou uma pessoa reclusa. Agora, quanto à ausência em termos de lançamentos, como nós não vivemos profissionalmente da música, não é tão fácil ter um nível de edição que seja frutífero, de modo que consigamos lançar frequentemente músicas ou discos, mas eu tenho estado a trabalhar. Este, em princípio vamos lançar o álbum do meu grupo “Ngonguenha”, que se vai chamar “Nós os do Conjunto”, deverá sair em Dezembro e nesta altura estamos a terminar as gravações, e simultaneamente estamos a trabalhar em engenharia de som e concepção gráfica. Portanto, esta ausência provavelmente é em termos de concertos, mas os concertos que se realizam não são assim tantos e eu não estou sempre disponível e não participo em tudo que se faz, a não ser que eu goste das pessoas que estão produzir ou concorde com o seu alinhamento dos artistas que o concerto apresenta.
AlternativoRap: Eram um dos organizadores do espaço Bahia. Já não faz parte da organização?
Keita Mayanda: Não, eu nunca fui um dos organizadores, mas sim um dos que idealizaram do evento, uma das pessoas que pensou, concebeu e estive a apoiar o evento durante o primeiro e parte do segundo ano desde que este espaço artístico começou, mas…
AlternativoRap: Também tem a ver com alinhamento?
Keita Mayanda: Não, tudo tem um tempo de vida determinado. Há outras razões que me levam hoje a não estar tão ligado ao evento e até raramente frequentá-lo, mas estas questões não são próprias para abordar aqui, e porque nunca as abordei com as pessoas que estão ligadas ao Ecletismo Poético. Portanto, não é justo nem ético abordar este tema aqui numa entrevista, uma vez que nunca falei com as pessoas, com quem, aliás, eu tenho uma relação directa. Mas pronto, além do facto de eu achar que tudo tem o seu tempo de vida, e as coisas se desgastarem naturalmente, eu acho que de certa forma, um evento que é semanal se desgasta por este facto, principalmente quando nós não conseguimos recriar e injectar sempre coisas novas no sentido de, por exemplo, ter sempre artistas novos, ou vá lá uma vez ou outra e normalmente vejo sempre dois ou três artistas novos que eu nunca tinha ouvido. Esta é uma das grandes vantagens de ter um evento semanal, temos acesso a músicas desconhecidas. Agora, os outros concertos que existem, eu não posso participar de todos porque nem sempre me convidam, e algumas vezes que me convidam não vou porque os concertos não me dizem nada, participo numa coisa ou noutro. No mês passado fiz um, inserido numa exposição do Luanda Cartoon, que na verdade fui um dos produtores, e no próximo dia 4 de Outubro o meu grupo fará uma actuação no show do Kool Kleva. Ainda não podemos adiantar muito, mas provavelmente teremos um concerto do Leonardo Wawuti/ Keita Mayanda no final deste ano.
AlternativoRap: Há quem defenda que o álbum “O Homem e o Artista”, um clássico no cenário hip-hop nacional, seja reeditado. Esta intenção é viável?
Keita Mayanda: Bem, há uma procura mas pessoalmente não sei qual a dimensão. As pessoas me perguntam e dizem que não encontram, mas infelizmente nem eu nem a minha editora (a Wakuti) tem disponibilidade para reeditar o álbum. Provavelmente faremos um “joint” com a Masta K Produsons para reeditar o álbum. Isso já foi conversado na verdade, mas a única pessoa que tem completa disponibilidade para trabalhar, e com quem temos boas relações, é o MCK. Portanto, se alguma coisa for acontecer será com o apoio dele. Nós vamos mas é pensar para frente, trabalhando no meu próximo disco, e no do Leonardo. Não sei como é que as coisas vão correr, mas também sinto a necessidade de ter mais cópias. O álbum está a ser vendido em Moçambique, temos algumas cópias no Brasil, e em Portugal há pessoas que provavelmente venham a descobrir o álbum nos próximos tempos e seria realmente muito importante termos mais cópias. Infelizmente não sabemos quando isso acontece.
Fonte: AlternativoRap