Dia 24 é sinonimo de “De Mim Para Vocês” aqui no Cenas Que Curto. Vui Vui não desarma e com o lançamento de “Como Me Sinto (Feeling Good)” cumpre a sua parte lançando a 5ª faixa no 5º mês consecutivo para download gratuito.
Para este mês, Vuino contou com as colaborações de Detergente para juntos produzirem o instrumental da faixa e a de Lawilca que fez um coro muito bem conseguido.
Nesta faixa, Vuino conta um pouco da sua trajectória, falando um pouco do seu passado, presente e mostrou também aonde pretende chegar. Mais uma música de grande qualidade e que vale certamente a pena baixar…
Dinheiro faz a diferença, mas não me faz diferente…
Minha mãe partiu a coluna pro bem-estar da família / Também devias ter uma estátua no largo das heroínas…
O Versus está de volta. Com mais uma análise às letras de dois MCs bastante conhecidos na Lusofonia. Pelo menos nos seus países de origem são MCs de renome. Projota, directo de São Paulo, Brasil e Phay Grand o Poeta, directo do Catambor, Luanda, Angola.
Para começar temos “Rap do ônibus“, música que faz parte da Mixtape “Não há lugar no mundo melhor do que o nosso lugar“, um dos trabalhos que ajudou a projectar ainda mais a carreira desse artista.
Projota fala da dificuldade de chegar ao trabalho, o transporte público representa ainda um dos grandes problemas do “país do futebol” , fazendo com que a produtividade não seja das melhores. Para piorar a situação, de vez em quando decidem aumentar o preço dos transportes públicos e aí começa uma onda de contestação pública, resumida nessa música.
Algumas linhas de destaque:
Cuidado onde pisa, pois pode ser meu pé Cuidado onde alisa, pode ser minha mulher Veja quem manifesta, o exército de Zé Cuidado com o que testa, pois pode ser minha fé Meu povo quer ver melhorar Porque dá mais trabalho chegar no trabalho do que trabalhar Mais tarde, quando você ver o pivete roubar É porque o pai dele tava no buzão em vez de tá lá pra educar
Na música “Arroz + no mo mambo“, extraída do álbum “Pão Burro [2ª Via]“, Phay Grand conta como foi o dia de um trabalhador independente, num dia em que recebe o pagamento pelo seu trabalho. No seu estilo característico ele conta passo a passo quais foram os obstáculos encontrados até chegar ao fim de um glorioso dia.
Tal como Projota, Phay Grand descreve a dura realidade dos transportes públicos em Angola. Linguagem directa, expressões singulares (que algumas vezes são entendidas apenas por quem conhece bem Angola). Não encontramos “palavras bonitas”, só uma dose da realidade com o selo do artista.
Algumas linhas de destaque:
Na paragem, na moagem, tô atirado na estalagem
Bué de people nenhum wawa, quando vir vai ser mixagem
Tô com a massa do salo e mais trinta da viagem
Quando o wawa apareceu, tava tipo era miragem
Cotovelos, empurrões mesmo antes da porta abrir
Niggas já quase a “balarem” ou mboas a discutir
Nesse mambo de autocarro eu já não sou “wannabe”
Cobrador: “fiquem calmos todo mundo vai subir!”
Mister K está mesmo de volta ao Rap. Depois do lançamento da faixa “Estou No Hood“, lança aqui mais 2 músicas promocionais do seu novo projecto que sairá para download gratuito.
Mister K mostrou pela qualidade destas faixas que está de volta ao Rap para somar e não apenas para manter o seu nome a circular. Baixem as cenas…
Mister K – Testemunho Feat Lil Saint Download Mediafire
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Mister K – Faz Uma Virgula Download Mediafire
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Edmir e Edween são os artistas escolhidos para lançarem o terceiro EP do Projecto #10Conhecidos. Depois de Euclarmany e Fat Soldiers a escolha recaiu para este dois jovens talentos da nova escola do Rap feito em Angola, que seguem fazendo música a solo, mas que juntaram-se para fazer este projecto.
As diferenças nos seus estilos e gostos dentro do Rap, levou a usarmos o ‘versus’ (EdVsEd) no titulo do projecto. Não por tratar-se de uma competição entre ambos, mas por ser a união de duas mentes com linhas diferentes de pensamento, tanto no Rap como em outros campos da vida. Este projecto fez a frase “as diferenças nos fazem crescer” ter mais sentido nas suas vidas. Ambos aprenderam muito um com o outro e fizeram um grande EP.
Tentamos tirar partido do que cada um tem de mais positivo individualmente para a concepção do projecto em grupo
Como este projecto é praticamente o primeiro das suas carreiras, decidiram fazer algo sério mas de forma descontraída, de formas a não perderem o prazer de fazer música…
Tentamos elaborar um pacote de musicas de entretenimento, musicas com informação interessante e mensagem positiva. Algumas musicas são de carácter pessoal que vos levará a compreender (esperamos nós) a maneira como pensamos, dentro e fora do Rap.
Triunfo é o mesmo que ter sucesso, ser bem sucedido e isto é vontade de todos nós em tudo que nos envolvemos.
“Operação Triunfo” é o titulo do primeiro projecto a solo de Brizzo, rapper das Ingombotas membro dos Magikz. Briguel Monge, como também é conhecido, é um Fresh Boyz que já anda nesta caminhada a algum tempo. O lançamento deste EP, é um grande passo rumo ao triunfo que tanto deseja…
Para este projecto, Brizzo manifestou através da sua música, a vontade que tem de triunfar em diversos aspectos da sua vida (Amor, Vida Profissional, etc).
O EP comporta 6 faixas e tem produções de Big Boss, Kelly Beatz, Ell Puto e participações vocais de Drunk Master, Blanco, Magikz, Carmen e Lil Jorge.
Um trabalho bem conseguido e que traduz bem aquilo que é a vontade de qualquer um de nós, triunfar. Brizzo deixou bem claro que o está a trabalhar no duro para conseguir cumprir com sucesso a “Operação Triunfo“…
Assim que entram os acordes iniciais do tema “Escrever para quê?“, a primeira faixa do álbum “Ordem depois do caos” de Bob Da Rage Sense, percebe-se desde então o que virá em seguida.
Quando entram os versos, primeiro com o convidado Fuse (Dealema), reconhece-se o liricismo que é característico aos Mc‟s. Fuse é igual a si mesmo, cospe um verso típico dos emecees do Porto, emblemático e carregado de misticismo. Bob discorre sua verborreia num discurso contundente e abnegado que logo absorve o ouvinte.
Na minha opinião, “Escrever para quê?” é a melhor faixa do disco, mas apesar de começar com a melhor música do álbum não regista uma curva decrescente a medida que vão entrando os temas seguintes.
Caro leitor, se o que lhe apaixona no rap são os conteúdos, a poesia, a capacidade dos rappers em usar e “abusar” das palavras, os duplos sentidos e as metáforas, então neste álbum encontrará seu oásis, pois a palavra (principal elemento da música Rap) aqui é levada em conta e a sério.
Em todos os álbuns de Bob Da Rage Sense, estes elementos se fazem presentes, mas mesmo quando a poesia não é assim tão magistral, o que diga-se de passagem, é raro acontecer, Bob encanta na mesma quanto mais não seja pelo flow e o à vontade que demonstra ao deslizar seu liricismo no beat.
Nota-se muita segurança no seu flow, a construção frásica é impressionante, dá ideia que o rapper escolhe sempre as palavras certas para transmitir sua mensagem. Sabe sempre o que dizer.
No tema “Já não lhe reconheço“, com Celso Opp, um hino a cultura Hip Hop que segundo o artista, está irreconhecível e desnuda da sua pureza dos anos de glória. Bob se mostra com uma convicção hermética de que a cultura se apegou muito às coisas materiais.
“(…) O Mundo que conhecemos está um beco sem saída/ uns cobrem-se de jóias para acreditar que são felizes/ forçam estados de lucidez temporários mas estão perdidos (…)”. Estrato do tema “Reflecte” com a participação de Maura Magarinhos. Nesta faixa o artista reflecte sobre temas quotidianos, mostrando a sua faceta de cidadão inconformado com as injustiças sociais e que acredita numa verdadeira mudança.
Bob não aceita subordinar sua liberdade nem limitar sua inteligência à subserviência. Em “Viver a beira do abismo”, o emecee apregoa isso mesmo quando diz:
“(…)não me identifico com submissão(…)”.
Com um discurso incisivo nos versos, Rage Sense dispara no coro:
“eu não me adapto a sociedade/ ergo meu muro invisível onde encontro criatividade / porque acredito que a individualidade é a força motriz da minha personalidade”.
Bob Da Rage Sense expressa-se perfeitamente pela sua música, continua com muita “raiva” a atacar de uma forma adornada o “senso comum” da sociedade de maneira a provocar mudanças no status quo. Armado só com a retórica, Bob combate as desigualdades com o poder da sua oratória.
É espectacular a maneira como Rage Sense adjectiva algumas coisas de maneira magistral, colocando a sua poesia muito acima da média. Nota-se também a cada faixa o evidente crescimento do artista, em múltiplos aspectos, ao longo dos tempos.
No tema “A poesia da viajem” Bob Da Rage faz viajar nossos sentidos por campos pouco frequentados. Ele tem essa capacidade de “vaguear” tranquilamente por temas com mais BPM’s (beats por segundo) como em temas mais pausados como é o caso deste, sem perder sua essência.
Na faixa “Sem Escolha Possível“, Bob afirma ser “coerente e inovador”. É verdade e nesta obra há muitos exemplos disso, pois ela apresenta diferentes entoações musicais, mas o Boom Bap está patente, coabitando perfeitamente com outras sonoridades como RnB, Soul, Neo Soul, Jazz e até excertos de música electrónica.
“Eu sou uma espécie de matéria-prima que a vida transformou em raiva e rima”.
Bob é uma mistura de diferentes influências que o acompanham desde tenra idade, muito por culpa de seu pai que também era um apaixonado pela música e transmitiu essa paixão ao filho. Ele é mesmo uma matéria-prima que a cultura Hip Hop transformou, através do rap, em poeta urbano e contemporâneo.
Bob faz do seu trabalho, da sua arte o lugar da sua liberdade perfeita. Estabelecendo aqui um paralelismo com a moda, diríamos que este trabalho de Bob Da Rage é alta-costura que vem tirar mercado a esses produtos prêt-a-porter.
A sua trajectória no hip hop em português nunca foi irrelevante, pois ainda no álbum “Bobinagem”, Bob já escrevia verdadeiros “pedaços de história‟, por isso pode mesmo gabar-se de seus trabalhos porque acarretam muita qualidade na produção e pôs produção.
Bob nunca se desencontrou com o seu estilo clássico e flow apelativo. Ouvindo-o agora neste novo álbum consegue-se perceber que Rage Sense tem algo que vem ainda do „Bobinagem‟. É como vinho, melhora com o tempo, deixando-o cada vez melhor.
Parafraseando o poeta português, Fernando Pessoa, que afirmou que “o fim da arte inferior é agradar e o fim da arte média é elevar“, só podemos presumir que a este trabalho de Bob Da Rage Sense é a arte superior porque nos vem libertar do caos no hip hop.
Com tudo que já disse anteriormente e com o que ainda fica por dizer, só nos resta concluir, mesmo correndo o risco de cair no cliché, que; Bob Da Rage Sense é um senhor músico, porque rapper só parece soar pouco!