Em celebração ao mês da História da Kultura Hip Hop, a Universidade Hip Hop em parceria com o Movimento Hip Hop de Benguela realizaram no dia 4 de Novembro o Festival Nacional de Hip Hop 2017.

O Festival que arrancou pontualmente às 9h00 contou com 3 grandes momentos.

Oficinas

As oficinas foram antecedidas das boas vindas aos presentes, da apresentação da Universidade Hip Hop como uma Organização Juvenil sem fins lucrativos vocacionada na divulgação da história, princípios e conceitos da Kultura Hip Hop, assim como contribuir para o desenvolvimento das comunidades e cidadãos das sociedades em que se encontra inserida e que apesar de não ser uma instituição de ensino conforme as outras Universidades, reserva para si a missão de leccionar as disciplinas de Break Dance, Graffiti Art, Deejayin e Emeceein, com um conselho científico que trata de recolher e catalogar informações para a base de dados histórica do Movimento Hip Hop em Angola.

Seguida a apresentação da U2H foi feito o enquadramento sobre a História da Kultura Hip Hop (Datas, pessoas e locais) associados aos primeiros passos desta Kultura.

Havendo um grande número de Street Dancers, a primeira oficina escolhida foi a de Break Dance, onde foram explicados os conceitos genéricos deste elemento, clarificando os conceitos sobre os estilos associados oficialmente ao Hip Hop (Poppin, Lockin e B-Boyin/Breakin), assim como a designação dos praticantes de cada estilo. Falou-se ainda do Krump como um dos estilos também muito próximo ao Hip Hop e que não sofre qualquer segregação tal como os demais estilos que foram surgindo para dançar ao ritmo da sonoridade Rap. Os B-Boys presentes participaram fazendo demonstrações dos movimentos para cada estilo e contribuindo com dados referente a aspectos específicos de cada um deles.

Destacamos o Dead-Neptune que apesar de viver em Luanda, esteve presente e contribuiu para as informações do Krump e claro a Alda Lara e os Street Dancers locais que tiveram uma participação igualmente relevante.

A segunda oficina foi a de Deejayin que começou com aspectos históricos e depois então os aspectos técnicos, destacando-se as diferenças entre os deejays e os Dj’s que vão além da grafia e das técnicas de Mixing, falou-se dos scratches, dos cortes e indicou-se algumas técnicas de turntumblism com maior destaque ao Back-to-Back por ser a técnica que esteve na base do desenvolvimento de 3 elementos do Hip Hop (Emeceein e Break Dance e Deejayin) através do Break beat com a criação do loop perfeito. O Deejay Mamen fez a demonstração na hora das técnicas citadas durante a oficina.

A oficina de Emeceein teve como ponto inicial a diferenciação do termo Emecee do MC que apesar de os 2 serem mestres de cerimónia, o Emecee (associado a Kultura Hip Hop) possui responsabilidades adicionais e tem noção do seu poder de influência e dentro da sua liberdade artística desperta e espalha energias positivas para os seus ouvintes, de seguida falou-se sobre o poder da escrita, das formas, dos conteúdos, das técnicas e das ferramentas de composição própria da música Rap que apesar de terem inicialmente sido feitas sem qualquer orientação literária (comum) hoje já se encontra estudada, catalogada e que pode ser seguida pelos New comers ou por experientes que pretendam aperfeiçoar o que fazem. A segunda abordagem contou com a participação do Kamesu que fez parte da comitiva da Universidade Hip Hop e falou sobre o domínio vocal do Emecee, da relação com o microfone e dos comportamentos em palco e nos estúdios.

A quarta e última oficina foi sobre o Graffiti Art, que contou com a participação inesperada do Deejay Mamen. Foram abordados aspectos históricos (origens, história no tempo actual, principais percursores e locais de referência), foi falado sobre os diferentes estilos de Graffiti existente citando alguns (Bubble Style, Wild Style e Delphin Style), e foi falado sobre as características de cada um deles com demonstração prática feita na hora pelo Deejay Mamen que usou das suas habilidades de Writter para elucidar os presentes. Falou-se por outro lado das denominações atribuídas aos Writters de acordo o nível em que se encontram e outros termos e regras próprias do mundo do Graffiti.

Depois das oficinas foi chamado ao palco o Deejay Mamen já nas vestes de Deejay para 90 minutos de Deejayin, explorando todas as técnicas faladas durante a oficina (Mixing, Turntumblism “scratchin”, Back-to-Back e cortes).

Involuntariamente foi acompanhado pelos Street Dancers presentes que realizaram uma Battle Cypher All styles na hora e que envolveu (Poppers, Krumpers e B-Boys).

O momento seguinte foi o Workshop de reflexão em torno dos últimos 10 anos do Movimento Hip Hop, também conduzido pelo Klaudyu Bantu que começou por pedir aos presentes que indicassem(individualmente) 03 aspectos de destaque da última década e que os considerem positivos para o Hip Hop e 03 que considerem como negativas ou prejudiciais. A plateia super participativa indicou vários aspectos para as duas situações, com representação de mais de 11 províncias e dos 4 elementos núcleo, foram apontados aspectos negativos como a falta de organização, disciplina, fuga causada pela falta de retorno financeiro, marginalização social, ausência de compreensão institucional, divergências (beefs/brigas) desnecessárias e pouca união.

Para os aspectos positivos, foi citado o surgimento da Universidade Hip Hop enquanto organização virada para a expansão dos elementos, princípios e conceitos sem discriminação regional, igualmente o desenvolvimento e expansão de elementos como Break Dance, Deejayin e Graffiti que apesar de ainda não ter a quantidade suficiente para dar resposta às necessidades nacional mas atingiram uma qualidade e maturidade tão grande nos últimos 10 anos que nos permite indica-los como um aspecto positivo. O uso da Internet para divulgação de produtos e eventos, acabando com o monopólio publicitário nas rádios e outros canais de escoamento de produtos na midia.

Depois de quase duas horas de discussão organizada, teve direito a palavra o Gangsta Pick (O ancião presente que além de Emecee, tem desenvolvido um trabalho investigativo muito amplo que envolve o comportamento dos Hiphoppas em Angola) e veio dele o conselho a ser adoptado diante do quadro presente, considerando que conhecemos muitíssimo bem os nossos problemas, individualmente devemos rever os nossos comportamentos para adapta-los ao que o momento exige, assim como observar o que foi feito de bom e multiplica-los para que se atinjam os níveis de expansão, qualidade artística e aceitação necessárias e suficientes para que o Movimento seja auto-suficiente financeira e artisticamente.

O último momento foi reservado para o Show/performance dos 3 elementos com mais 30 minutos do Deejay Mamen e 4 Blocos de Emeceein e Break Dance obedecendo a seguinte ordem:

1.° Bloco
– Mac D (Benguela)
– Sem Culpa (Cabinda)
– Kamesu (Luanda)
– V.D (Break Dance – Benguela)

2.° Bloco
– Visionários (Benguela)
– Mr Teles (Kwanza Sul)
– Lora Dji (Luanda)
– Boys of Dance – (Benguela)

3.° Bloco
– Jaula (Kwanza-Sul)
– Mona Dya Kidi (Luanda)
– Maximus (Kwanza-Sul)
– Young Fama (Benguela)
– Benguela Street Dance

4.° Bloco
– Nigga Pandy (Huambo)
– Black Mamba (Benguela) e
– BM Gang (Benguela).

O Festival Nacional de Hip Hop em Benguela teve um saldo positivo e aproveitamos para agradecer todas as pessoas que contribuíram para que este fosse uma realidade desde o Carbono Casimiro que fez o panfleto do evento pela GLX, a Soba Katumbela pelo palco e o som, ao Kero Benguela (Dona Flavia) pelo espaço, ao Centro Dom Bosco e o Alberto Suco pela hospedagem, aos artistas que se deslocaram das suas zonas para participar do evento, aos colaboradores da Universidade Hip Hop em todo país, aos Street Dancers de Benguela, a Alda Lara que envolveu-se no evento de pés e cabeça, a todos que se fizeram presente deixando as suas tarefas para participarem do festival, ao Gangsta Pick (o ancião da caravana de Luanda) e todos que mesmo não podendo estar presente fisicamente, contribuíram partilhando o evento nos seus perfis em redes sociais, em blogs, a dispensa do tempo de antena em rádios e Tv’s, ao Movimento Hip Hop de Benguela e o Movimento Hip Hop Nacional.

O festival foi uma realidade…