Antes de tudo quero deixar aqui bem claro que a intenção deste texto não é discutir a direcção artística, nem a linha editorial das rádios onde encontram-se os programas. Já está mais do que provado o facto de certas rádios porem um impasse ao Rap com uma mensagem mais forte, discutir o que não tem solução é contraproducente. O que devemos reter aqui é a possibilidade que é-nos dada de contornar esses obstáculos e encontrar um programa que adapte-se melhor as nossas necessidades artísticas, espaços alternativos existem e negar a sua existência é insistir na lógica da batata. Até porque os programas são todos de entretenimento, o que quer dizer que batalham por audiência e nos tempos que correm a maioria vence. A estatística aponta para um número muito superior de tanto fazedores como ouvintes/seguidores do Rap dito comercial em relação ao Rap dito Underground.
Eu venho de um tempo em que a internet era um mito em Angola, tempo este em que todos os emcees/rappers que quisessem dar o salto do seu bairro ou grupo de amigos para uma plateia maior, dependia necessariamente da rádio. É de recordar que na altura existiam timidamente somente três programas de Hip-Hop, que frequentemente oscilavam para apenas dois.
Comecemos por apresentar uma lista colhida na internet referente só a cidade de Luanda, que pode muito bem estar incompleta, mas na qual constam aparentemente todos os programas de Hip-Hop da capital:
1 – Hip Hop Ecclesia – Rádio Ecclesia 97.5FM | Sábado 16:00 – 17:00
Equipa: Sioma Casimiro e Bernardino Punguandongo
2 – Hip Hop da Banda – Rádio Cacuaco | Domingo 14:00 – 15:00
Equipa: Mano Muconda, Lukau A. Lusueki, Diakota, Yang Halla, Pacheco Melo
3 – Akapela Show – Rádio Despertar 91.0FM | Sábado 15:00 – 17:00
Equipa: MCK, BG, Cláudio In
4 – Mix Hip Hop – Rádio UNIA 92.3FM | Sábado 18:00 – 20:00
Equipa: Dino Cross, Universidade Hip Hop, DJ Mamen
5 – 360° – Rádio MFM | Domingo 18:00 – 20:00
Equipa: Gangstah, Megga Skill, Kevin Kuhler, Isidro Fortunato
6 – Nação Hip Hop – Rádio Kairós 98.4FM | Sábado 15:00 – 16:00
Equipa: Dércio Olavo, CMC, Edivaldo dos Santos, DJ Mamen, Gildo da Graça
7 – Hip Hop Está Vivo – Rádio Cazenga 102.1FM | Domingo 14:00 – 16:00
Equipa: Osvaldo Santos, DJ Kazuza
8 – Hora do Hip Hop – Rádio Viana 92.8FM | Sábado 16:00 – 18:00
Equipa: Phathar Mak
9 – RC – Rádio LAC 95.5FM – Domingo 13:00 – 15:00
Equipa: Miguel Neto
Agora uma segunda lista referente a alguns programas que não são assumidamente programas de Hip-Hop, mas nos quais ele tem uma figura de destaque:
1 – Beat Box – Rádio Luanda 99.9FM | Domingo 13:30 – 15:00
Equipa: Vui Vui, Eva RapDiva, RAF TAG, DJ Ritchelly, Cenas, Bruno Almeida, Miss Skills
2 – Potência Máxima – Rádio LAC 95.5FM | Sábado 22:00 – 00:00
Equipa: Yury da Costa “Reverendo”
3- Eclético FM – Rádio Mais 99.1FM | Domingo 14:00 – 16:00
Equipa: Lukeny Bamba, Kool Kleva
Somei nove (9) programas de Hip-Hop e mais três (3) aos quais podemos recorrer, o que corresponde à doze (12) programas.
Não é preciso ser nenhum cientista entendido em física quântica ou Phd em ciências políticas, nem mesmo o último monge perdido na floresta inacessível que filosofa sobre o Santo Graal, para saber que o Movimento Hip-Hop nunca esteve tão bem representado como nos dias de hoje, sublinho, estou a falar apenas em termos de espaços radiofónicos aos quais o movimento pode recorrer para promover ou dar a conhecer a sua existência.
Então o que se passa? Aparentemente os rappers depois de anos de abandono, ostracismo e desprezo mediático habituaram-se ao papel de vítima, papel esse que tem passado geneticamente de geração para geração. Temos a nossa mesa um prato cheio de comida mesmo ao nosso alcance, é só destapar e pegar nos talheres, mas preferimos sentir o aroma que vem da casa do vizinho e chorar por isso.
E os programas são acessíveis? Cumprem o seu papel? Acredito que sim e que não, as agendas pessoais de cada um já são conhecidas e claro que os programas tem o rosto das suas equipas, mas o que não impede de conseguir-se chegar até elas, até porque todas elas defendem de punho no ar que são integracionistas e que lutam pelo Hip-Hop, independentemente das suas formas e preferências pessoais. Se formos a ver os programas até são todos diferentes e todos iguais, uns dão mais primazia ao Rap comercial e outros ao Rap underground, uns mais banais e outros mais político-sociais, dando assim a possibilidade de escolha ao rapper.
Os locais já existem, é evidente, agora cabe aos rappers chegar a esses programas e saber dialogar com as diferentes equipas, porque não se enganem, nem usem determinados rappers como exemplo, pois alguns deles não terão que passar pelo mesmo calvário que vocês, visto que o seu sucesso transcende as barreira e isso por si só já atrai atenções.
Devem os programas investigar? Sim, mas é impossível conseguirem chegar até tudo num mundo novo onde todos os dias na internet surgem rappers em números aparentemente infinitos, nesse caso só os projectos mais insistentes e relevantes passam a frente.
Se mesmo assim não estiveres contente, pensa em mim, que até sou apresentador num dos programas a quase um ano e nem uma única vez em que apresentei o programa passei uma música minha, preferindo sempre dar prioridade a outros. Põem as tuas redes sociais a funcionar, elas nos últimos anos tem feito autênticas estrelas ou então contenta-te em ser um rapper limitado a um pequeno nicho como eu.
Conselho:
– Entrem em contacto com os programas, sejam educados, escrevam uma pequena biografia vossa, cumprimentem os administrados das páginas na mensagem que enviarem antes de passar para a vossa real intenção, insistam quando não estiverem a obter uma resposta, porque por cada mensagem vossa, há sempre dez de um outro rapper mais insistente. Se encontrarem barreiras chamem a atenção, critiquem, eduquem, mas tudo dentro dos padrões da boa educação, porque lembrem-se, ninguém é obrigado a gostar do que vocês fazem e a dar-vos atenção e a má educação gera desejos de colocar de parte.
Texto Por: Raf Tag
P.S.: Gostaria de puder obter informações sobre todos os programa de Hip-Hop de toda Angola, até para puder servir como meio de fluência mais rápida de informação.
Ouça online alguns dos programas: www.cenasquecurto.net/radios
3 comentários
Tatiano Ralph · 17 de janeiro de 2017 às 11:10
É disso que nós precisamos ouvir.
Muito Obrigado!
Mudjahadine · 17 de janeiro de 2017 às 16:27
Real Talk…
Tatiano Ralph · 23 de janeiro de 2017 às 20:59
Faltou os contactos dos programas.
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