Então e o novo acordo ortográfico? Já foi mais novo. E de acordo, tem pouco.
Os estudiosos da língua andam há anos de volta deste documento, que já foi assinado em 1990 mas que teima em não conseguir consenso. Enquanto isso, a juventude (e não só) anda por aí completamente de acordo com as abreviaturas e os pontapés na gramática. Camões, se estivesse vivo, já teria palas nos dois olhos só para não ser testemunha deste atropelo à língua.
Se a ideia do acordo era unificar a língua portuguesa, acho que estão a fazer um excelente trabalho. O ideal talvez seja liberalizar por completo e cada um escreve como bem lhe entender.
O acordo trará claras vantagens para toda a lusofonia. Resta saber quais. E passar da teoria à prática, claro está.
Por mim, resolvíamos isto à moda antiga: atirar a moeda ao ar. Cara ou coroa. Ou em alternativa, deixar de escrever em português! A julgar pelas calinadas que se lêem na internet parece ser por esse caminho que vamos. Podemos começar todos a escrever em inglês, por exemplo. Eles também têm várias variantes e parece-me que até se vão entendendo.
Amanhã ligo ao meu tio Obama para lhe perguntar se já entrou em acordo com os ingleses, australianos e companhia, a propósito da língua que partilham.
Eu não sou linguista nem académico, mas falo português e como tal, sou parte interessada. Apesar de ter passado cerca de um ano sem dizer uma única palavra e cinco anos sem escrever nada. Mas isso foi quando nasci. Entretanto, cresci um pouco e volta e meia, gosto de escrever uma coisinha ou outra. Agora fico sempre na dúvida se alguém está em desacordo comigo.
Parece-me fundamental que os cerca de 240 milhões de falantes da língua portuguesa se entendam. Segundo os especialistas, não se entendem. Pelo menos por escrito. Eu propunha nomear o Dr. Theodore Obiang, chefe de Estado da Guiné Equatorial, país recém-admitido na CPLP (Comunidade dos Países de Língua do Petróleo?) onde o castelhano é a língua oficial, como tradutor. Ele fala e escreve um português unificado desde criancinha.
O povo sempre disse “a falar é que a gente se entende”, ninguém disse “a escrever é que a gente se entende”. É por essas e por outras que este texto está escrito de acordo com a antiga grafia.
Se há coisa a que o ser humano resiste é à mudança. No entanto, a capacidade de adaptação do ser humano é notável. E a julgar pela forma como a internet está a mudar a língua, mesmo que haja acordo, vai durar pouco tempo. Lol.
Fonte: www.cmjornal.xl.pt
1 comentário
nhankdy · 20 de maio de 2015 às 09:29
concordo com o boss esta descriminação deve acabar,então se somos todos pertencente a comunidade dos paises de língua oficial portuguesa!acho que nós(angola) não devemos constatemente nos submetermos a estes acordos isolados,e imbuidos de esteriotipo vamos falar as nossas línguas basta de sermos escravos.nhankdy
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