Sabendo que sou fiel aos meus princípios de verdade e imparcialidade no Hip Hop, achei um pouco ousada a solicitação do Cenas Que Curto em ter-me a escrever uma análise crítica sobre o EP Diário de um Stana do Slash, um jovem que conheço bem, qual é o grande risco? Se considerar-se a minha opinião uma crítica negativa, dependendo da pessoa pode significar salgar a amizade e dar a possibilidade de terem um quadro com o meu retrato para aperfeiçoarem a pontaria do tiro, espero que o mesmo não aconteça neste caso, dito isso vamos directo ao assunto.
Slash No Projecto #10Conhecidos
Eu estou em dúvidas sobre em que sentido se insere o Slash no conceito do espaço #10Conhecidos, se ele é um artista desconhecido ou se faz parte de uma lista de 10 artistas conhecidos, o facto é que o Diário de Um Stana não me soou uma obra de principiante, se formos a ver um desconhecido como alguém que está a começar e o conhecido como o reconhecimento de algumas andanças ou persistência no trabalho, como é o caso do Slash ao juízo dos meus ouvidos.
Diário de Um Stana (Intro)
O EP começa com a música que define o que é um stana, “Diário de um Stana“, podemos entender stana como um Street Nigga ou homem da rua, uma track dedicada aos batalhadores que tal como o Slash desde muito cedo acordaram para a vida e vão a luta em busca de dias melhores, se fossemos a julgar a letra da música ao pé da letra eu diria que há alguns equívocos como “desde os oito anos nas streets“, não creio que aos oito o Slash já era um stana, era muito Kid para isso, vou preferir considerar o início do seu percurso “Stanismo” no seu relato de “muito antes dos 23“.
Falando concretamente da música, identifiquei-me com ela, letra bem feita, o dropar caiu bem no beat, um namoro que resultou em uma boa música.
Ouça Aqui: Slash – Diário de Um Stana (Intro)
Mulatismo
Não gosto da música Mulatismo, porque o tema racismo, pra mim, é tocar na ferida das nossas almas, lembra-me com tristeza todo o percurso da nossa história como negros, prefiro mudar pagina, mas como o mundo não gira em torno de opiniões como essas, é sim salutar levar ao público estas denúncias, para um mundo melhor.
Já agora, também deve ser assim o papel interventivo de um rapper, quanto a música discordo de quem diga que o Slash deveria usar um flow diferente para cada um dos dois personagens, penso que desta forma ficou melhor.
Ouça Aqui: Slash – Mulatismo
2Em1 Com Duc
2Em1 é uma das track que mais gosto e escuto, a participação do Duc valorizou muito a música, quanto Slash eu penso que em musicas que se pretende tornar românticas, a poesia casa mais com o falar da alma do que o duplo sentido propriamente dito, algumas coisas ficam sem sentido, “enfeitas a minha casa, (como) tapete…” comparar a nossa amada com tapete mesmo? Tapete é tapete, não, isso não! Percebi a ideia, estou no gozo, mas todo mundo sabe que é no gozo que se aproveita para falar a verdade.
Ouça Aqui: Slash – 2Em1 Feat Duc
Era Melhor, Fly Mode, Fotos (Remix) e Vocês
Era Melhor, Fly Mode, Fotos (Remix) tudo música boa, mas não vou descreve-las ao pormenor, porque a conclusão é a mesma, o Slash está maduro musicalmente, Diários de um Stana recomenda-se, mas claro que o mérito não é exclusividade do seu intérprete, com certeza que isso é um trabalho em equipa e percebesse facilmente que teve o dedo dos Magikz, os instrumentais estão bem doces, deixa aproveitar dar props aos produtores Aleny, DJ Impossible, Fabio Gama e Kelly Beatz este último que sampleou a música Mar Azul da Yola Semedo, dando vida a música “Vocês” de Slash Stana com Kayanara, gostei tanto, que a ouço várias vezes, façam sempre sample de sons angolanos, ya?
A Conclusão
Concluindo, eu identifiquei-me com este EP, sobretudo porque não encontrei mensagens negativas dentro do conceito de Rap que herdei do meu tempo, mesmo que inocentemente, senti uma certa responsabilidade com o papel pedagógico no Slash, pouco ou nada se descreve a “má vida” e outras futilidades que ouvimos nos dias de hoje e que em nada nos engrandece, sendo assim e para complementar o dropar também esteve acima da média, português compreensível e que em algumas músicas carregava uma melodia envolvente, realizando assim o casamento perfeito entre a letra, o dropar, a harmonia e o Beat.
Parabéns Stana, mantenha-te firme na arte de fazer bom rap.
Por: Dino Cross (www.dinocross.blogspot.com)
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