Até um passado recente, reporto-me aos finais da década 70 e princípios da década 80, viver num prédio na Maianga, Kinaxixe, Alvalade ou Mutamba era um luxo invejável, quase equiparado a detenção do património e capital acumulado do rapper Jay Z, e acordar os 365 dias do ano com a Beyoncé ao seu lado.
Não obstante o estado degradado destes Edifícios e sua esperança de vida vencida, um apartamento T3, chegou a custar perto de meio milhão de dólares americanos nas zonas supra citadas, até surgirem as novas centralidades, que em abono da verdade, jogaram um papel preponderante para queda especulativa e extinção de outras irregularidades inflacionarias do mercado.
Eu particularmente vivi durante 5 anos num destes prédios velhos na Maianga, que eu decidi trata-los carinhosamente por “Ghettos na Vertical“, sim, isto mesmo, autênticos subúrbios na vertical, pois, apesar da formal mudança do bairro Margoso, vivia a mesma realidade material na Maianga, ou seja, encontrei na Cidade entraves urbanísticos, arquitectónicos e defeitos de comportamento, iguais ou superiores, comparadas as crónicas dificuldades e insuficiências dos Musseques de Luanda.
Meu Rap é fortemente marcado por contestações ao regime no poder, mas esta realidade particular, é de responsabilidade repartida entre moradores e as instituições afins… Minha explanação cingir-se-á a uma mera narração descritiva e factual, das duas realidades, por um lado do Ghetto propriamente dito, e por outro, o subúrbio disfarçado de Cidade que passo a traduzir pelas variadas experiências.
-Minha vizinha Telma, do quarto andar, exibia um par de pernas que sufocava qualquer Tchuna Baby ou Colã Xuxuado que colocava, e garanto-vos, que era tudo natural… A extraordinária fisionomia da rapariga foi conquistada graças as regulares falhas no fornecimento de água canalizada e luz eléctrica, que transformaram as escadas do Prédio num autentico ginásio, onde a miúda desfilava vezes sem conta, com baldes de água na cabeça, que absolutamente em nada reduziam a perfeição dos extravagantes penteados sobre a Juba brasileira que transportava.
-No andar abaixo vivia um Jovem chamado Nelson, embora não sendo Mandela, dedicava todo seu tempo auxiliando os outros Jovens sem liberdade, alias, sem quarto… Dando assim falidas aos seus “Camones” na genialmente adaptada Suite no espaço do Elevador avariado desde o século passado… Se as escadas falassem, teriam denunciado os milhares de espermatozóides enforcados em preservativos mais famosos que o “Bom Péru“.
– Adão Gaspar, de 65 anos de idade, caso tivesse interesse retira todas medalhas olímpicas de José Sayovo, pois, além da deficiência visual, o coroa locomovia-se subsidiado por uma bengala, descia e subia o prédio a uma velocidade que rondava entre os 60 a 80 km/hora… Vitima das dificuldades, que o obrigaram a decorar e vencer todas barreiras geográficas e arquitectónicas, que passam da falta de degraus a falta de corrimão…
– Havia no Edifício, alias, há no Edifício uma confusão estética das milhares de antenas parabólicas fixadas nas janelas dos apartamentos, fios eléctricos “Gatados” atravessando Avenidas longe da passadeira, rede de resíduos exterior, infiltrações milenares, fissuras, geradores ensurdecedores, e um outro bairro no terraço!
Uma confusão que está “de bom tamanho”!
Da mesma forma que até nas grandes lixeiras também nascem flores, vivem milhares de munícipes Luandênses em luxuosas lixeiras urbanas, aquilo que eu apelidei de Ghettos na vertical…
MCK – Ghettos Na Vertical (Prod. Boni & Ricardo 2R)
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4 comentários
emerry jr · 4 de março de 2014 às 11:16
Grande K o rap de todos os angolanos. Força mano estaremos sempre contigo
Borralho Ndomba · 5 de março de 2014 às 19:17
papa Diarabi acabou com a banga dos wi da city
kalala · 6 de março de 2014 às 09:14
Esta Cassete esta no limao
Claudio Augusto · 13 de março de 2014 às 18:35
Boa noite pessoal quem sabe quando sai o Trator a parte 2
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