MCKatro

Quem ouve os três discos nota que as composições giram muito em torno das questões políticas. MCK é essencialmente um político?

Se admitirmos o que nos é proposto por Aristóteles, sim. Enquanto animal social, um ser inserido no seio de uma determinada comunidade com a preocupação natural de ver o exercício de cidadania desta mesma sociedade realizada, neste termos, sim. Eu acho que o homem é um animal essencialmente político.

Então faz política com o rap?

Neste sentido no qual me referi, sim. Até porque o rap é dos poucos estilos musicais onde dá para fazer com alguma naturalidade este exercício intelectual de informação e formação de consciências, as lutas das revindicações e o exercício da cidadania. Com o rap temos muitas facilidades por causa das raízes históricas do estilo, que nos permitem uma abordagem intelectual.

Mas há intenções de futuramente vir a pertencer a um determinado partido político?

Por enquanto não tenho pretensões políticas partidárias. Mas as minhas formações, o meu exercício enquanto activista cívico e as minhas preocupações enquanto cidadão, fazem com que eu não descarte a possibilidade de eventualmente, no futuro, abraçar um projecto político. Mas por enquanto não.

Ainda acho que cada cidadão pode oferecer o seu contributo na tomada de decisões que condicionam os destinos da nação através da participação na sociedade civil e de diferentes formas.

MCK

Já afirmou e cantou que este é o país do Pai Banana. Depois disse que é o país do Larama [vencedor do Big Brother Angola] também numa das suas músicas. Com esta afirmação nas suas letras está a querer dizer que o país não dispõe de bons exemplos ou moldes sociais?

Pai Larama e o Pai Banana são muito parecidos. São gémeos. Se reparar com calma, não existem grandes referências das nossas figuras públicas associadas ao poder. Por exemplo, o Presidente da República admitiu que, depois da guerra, o grande problema de Angola era a corrupção e que se deveria criar mecanismos para o seu combate.

No entanto, quase todos os anos surgem denúncias de figuras associadas ao poder a saquearem o erário para investir fora. Para um jovem comum, sem grande capacidade de análise, isso passa a ser uma referência. Recentemente saiu uma denúncia em Portugal a respeito do Bento Kangamba, que estaria envolvido num escândalo financeiro.

O mesmo já tinha outras denúncias neste sentido na França. E internamente ninguém disse nada, ninguém fez nada, porque é uma pessoa pública e próxima ao Presidente da República. Portanto, essas são as nossas referências, infelizmente.

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Categorias: Rap Angolano

Cenas Que Curto

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