A coluna “Versus” está de volta, não demoramos mais de 365 dias desta vez. Já agora, sugiram artistas/músicas para as próximas edições do “Versus”, basta comentarem no final do artigo.
Para hoje trazemos um Rapper nascido em Lisboa, com raízes Angolanas (pais nascidos em Angola),  que passou pela França, mas  tem feito a sua carreira em Portugal, Porto. Pela trajectória complexa, dá pra ver que é um artista com um grande repertório. O seu nome: Jimmy P (O título do artigo revelava, certo?).
Um dos nomes mais sonantes do RAP em Portugal, com músicas que fazem bastante sucesso nas rádios, shows… Jimmy P não começou a sua carreira de forma tão mediática.
Foi membro do grupo “Crewcial“, que em 2005 lançou o álbum “Ombuto (A semente)“, com uma aceitação boa em Portugal, tornando o grupo e o artista em particular, bastante conhecidos.
A carreira a solo de Jimmy P trouxe vários projectos, com várias sonoridades. Quem ouve os projectos actuais do artista sabe que poderá encontrar uma fusão de todos os ritmos que o influenciaram durante a sua carreira.
Mas o “Versus” não é sobre carreiras, mas sim sobre uma música específica, sobre uma ideia específica. De Jimmy P trazemos a música “Tipo Kanye (How Sway?!)“, da sua última mixtape “Alcateia”. A música é centrada numa polémica em que o artista Kanye West esteve envolvido, durante o programa “Sway In The Morning“, mas durante toda a música ele usa o termo “Kanye” para retratar as pessoas que falam uma coisa e fazem outra, que não são reais, que usam as redes sociais para ganhar nome, mas que as acções não condizem com o que pregaram.

[Extractos da letra]

Hoje em dia vale tudo se tu quiseres ser ouvido
Até consegues ser alguém que era impossível teres sido
‘Tá na moda seres thug e falar de vida de bandido
Mas tu nem na tua rua és temido
E quanto a mim é tudo muita parra
Pouca uva, estou aqui se for para fazer farra
Desculpa a minha vida tem sido na estrada
Longe da rua e desses bad boys que dentro de casa andam de sunga
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Do outro lado temos “Baco Exu do Blues“. Honestamente, a primeira vez que ouvi este nome, pensei que fosse um grupo. Mas, Diogo Moncorvo, é um Rapper de Salvador, estado da Bahia, tem ideias “fora da caixa”. Se gosta de música “convencional”, se gosta de RAP “padrão”, não escute os álbuns “Esú” e “Bluesman“!
Voltando ao nome pouco convencional, o rapper explicou em várias entrevistas como surgiu “Gostava de blues e sempre me interessei por mitologia, por história. Baco é o deus do vinho, da loucura. Já Exu é o orixá que abre caminhos.”
Os álbuns de Baco são conceituais, a arte gráfica, os vídeos geralmente complementam as músicas. No seu último álbum “Bluesman” , lançado no final de 2018, o artista fez um filme de 8 minutos. Baco é realmente um artista que mira para vários prismas, por isso não deve ter apanhado de surpresa as pessoas que seguem o seu trabalho quando ele lançou a música “Kanye West da Bahia“.
Para além das polémicas, citadas mais acima na música de Jimmy P, Kanye West pode ser considerado um génio da produção musical (discorda?), já teve álbuns virados para o “movimento” que tiveram bastante aceitação, até que decidiu alargar o seu campo de actuação, com álbuns menos convencionais, arte gráfica dos seus trabalhos, que culminaram no seu sucesso no mundo da moda.
Voltando à Baco Exu do Blues, na música “Kanye West da Bahia“, podemos ouvir várias vezes “Agora eu te entendo Kanye“, mostrando que o autor foi um dos que julgou o rapper norte americano, mas de certo modo percebeu que sempre que expomos à nossa arte, criticas surgirão. Não é possível agradar 100% dos ouvintes.
Baco fala sobre aceitação, sobre preconceito racial, sobre como é preciso “não abaixar a cabeça” na indústria musical. É uma música com conteúdo pesado, que obriga a ouvir com atenção cada verso.

Letra + Vídeo

[Extractos da letra]
Eu não abaixo a cabeça, não vou te obedecer
Ser preto de estimação não, eu prefiro morrer
Sinhozinho eu troco soco nunca fui de correr
Feche os olhos eu vi deus nascer
Eu me vi nascer, eu te vi nascer
Tão livre que nem a policia pode me prender
Suas palavras não vão me ofender
Apaga a luz tente me entender
Sinta a África pra me entender
Transe ao máximo pra me entender
Não tema a morte pra me entender
Enquanto cê tiver limite, não vai me entender
Todo líder negro é morto, cê consegue entender?
Tenho recebido cartas falando:
“O próximo é você, o próximo é você, o próximo é você


Cognitivo

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