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Angola um dos países da África Austral com uma cultura rica e vasta dos povos Bantu-Ambundu, Umbundu, Nganguela, Tchokwe, Kikongo, Fiote etc, do norte ao sul de Angola. O Hip Hop emergiu  como uma arte teologicamente espiritual e antropologicamente milenária na estrutura das suas raízes indígenas.Ninguém é responsável por essa cultura mística que pertence a todos que  a Preserva. Muito antes da sua definição existencial no mundo atribuído pelo grande mestre Afrikka Bambatta nos Estados Unidos em Nova York. O Hip Hop obviamente já era o manifesto contra a o pressão colonial  pobreza  a violência nos guetos e o regime do  apartheid  que derramou o sangue do homem preto na África e no mundo.

Em Angola o Hip Hop falou nas   vozes do Rei Ekwikwi, Mandume, Deolinda Rodrigues, Comandante Jika, Mwata Ya Nvu, Hoji ya Henda, Nginga Mbande e Mutu Ya Kevela. E mesmo durante o período de trafico dos escravos de Angola para o Brasil e outros pontos do planeta, o Hip Hop já tinha sua carismática  expressão de revolta na poesia dos Griotes que hoje é o “Emcing” nas Artes Plásticas, que hoje é o “Grafite”, na Capoeira do pescador da Ilha de Luanda que  hoje é o “Break Dance” e o Gira Disco das farras do Cazenga, Bairro Operário, Rangel, Sambizanga e Kilamba Kiaxi que é hoje o “Dj”. Artistas pioneiros como David Zé, Urbano de Castro, Teta Lando, Artur Nunés, Adolfo Coelho, Os Kiezos, Ngola Ritmo, foram o ingrediente do Rap feito com o espirito de  Angola.

Tardes de Hip Hop X Graffite

Luanda é a cidade onde nos finais de 89-90 o Hip Hop começou com jovens provenientes de diversas artérias da capital faziam a arte em forma de Emcing formando Passes, Familys ou Squads e reuniam-se em famosos Meetings (encontros) e trocavam  ideias sobre a cultura, emprestavam-se músicas em cassetes e fazia-se o tradicional Freestyle Cypher, e foi então assim que Sociólogos e a sociedade percebeu que isto é cultura urbana.

Estávamos no âmbito de uma Guerra civil, e a juventude como a força activa criou nas ruas a sua arte de rimar, ou seja, consciência e liberdade de expressão, uma luta de jogos de palavras incomensuráveis o Hip Hop Angolano nasceu  nas ruas de Luanda sem media, editoras, revistas, jornais, internet, estúdios de gravação e muito menos promotores de espetáculos.

Isto na década 90, mas já havia  CT1 o estúdio da radio nacional a Orion e o Ecos da Paz, mas estes sítios não abriam portas para os primeiros rappers como Consciência da África, Mutu Moxy, Pobres Sem Culpa, Filhos Da Ala Este, África Preta, Desajeitados Social, Nelboy Dastha Burda, Souls Bastard, Soldados de Rua, Atitude Violenta, Boom Bamp Squad, Gc Unity, Soldados Sem Armas, Buda Beca Lekalo, Acção Positiva, NB, Jeff, Consciência Activa, Raparigas com Atitude Certa, Manu Bantu, Psico Suburbana, Acima do Inferno, Dread Joseph, Negros  Democrata, Raf Ndombe, Prince Wadada, Phatther Mack,  Simiminimoyo, Makandumba, Finda Moyo, DK Posse, Young Brothers e muitos outros pioneiros que deram a vida ao Hip Hop feito hoje.

Em 93-94 Mr Paul  mestre e grande impulsionador da cultura Hip Hop em Angola também conhecido como kota Paulo foi um dos primeiros a formar um estúdio de gravação basicamente só para o hip hop. Começou no Cazenga na sua casa e depois moveu para Terra Nova onde também passou a ser ponto de encontros para os Emcees  e a maior parte dos grupos e solo emcees acima referenciados, passaram no estúdio futuro do Mr Paul que também trabalhava com Nel B. Nesta época as captações eram feitas direitas de um deck as cassete TDK 90, as músicas dos artistas eram espalhadas por via de regravações  e assim se ouviu o rap de essência.

Nel Boy Dastha Burda foi o primeiro emcee a criar um programa Radiofônico (Em 95) em Angola, chamado Rap Cidade e o Miguel Neto o Top RC na Lac, onde passou os talentos que o estúdio futuro foi descobrindo na arena da cultura Hip Hop, que já existia mas não como movimento bem integrado. Depois apareceu o Dj Axel Jocker com outro show na Rádio Nacional de Angola. Um dos primeiros shows de Hip Hop puro das rua  foi organizado em 95 pelo Mr Paul no largo do Soweto ai junto ao Cine Atlântico, que juntou todos os rappers reais da cidade de Luanda. A cena foi tradicional e consciente com Soldados de Rua, Unidade Civil, Mutu Moxy, Soldados Sem Armas, África Preta, Consciência Activa, Afro Edy, Nganga Wambote, Profeta Rancor tcc Revolucionário tcc Keyta Mayanda e Jamaika Poston.

Finais de 95-96 cria-se o movimento da Afro Renascença, também conhecido como Núcleo Rap em Luanda que integrava os elementos fundamentais da cultura Hip Hop angolano. A ideia da fundação foi dos rappers Tétémbwa, Xito Kumulukumba, Mutu moxy, Dread Joseph, Keita Mayanda, Adamu, Tala, Kijandala, Ndoko, Black Buda, Dady Boss, Simiminimoyo, Jika Wima Nayoby e Nel B, que cujo o quintal da sua casa na Vila-Alice passava os meetings todos os domingos.

Depois em 96 surgiu o programa clássico Era do Hip Hop da Anonimous F:amily com 30 minutos de antena na radio Lac que era apresentado por Luaty e Nkruma passava músicas (americanas e nacionais), fazia-se freestyles e falava- se sobre o verdadeiro Hip Hop. Todas as terças feiras na 95.5 FM Lac. Organizavam eventos de Hip Hop na zona verde e no Cine Mira Mar. Em 98 onde estreou-se o Mc k, Esquadrão 8 e muitos outros valores que deram a eugenia  da nova cara do Hip Hop nacional e hoje temos Hip Hop Angolano!

Texto narrado por: Mutu Moxy a.k.a Intelektu

Gostei da iniciativa do Intelektu, já agora os meus parabéns, mas acho que relatar os primeiros capítulos do Hip Hop em Angola e citar os factos mais marcantes como o primeiro programa de Hip Hop na Rádio nacional, o primeiro estúdio de Hip Hop, fica estranho quando fugimos dos SSP que lançaram o primeiro álbum de Hip-Hop em Angola, como o mesmo o fez neste artigo. Por mais que a muitos não gostem ou aceitem, não podemos fugir dos factos. Alguns nomes que muito contribuíram para termos o Hip-Hop que hoje temos não foram citados, algo compreensível, mas quando decidimos escrever algo do gênero devemos ter o máximo de cuidado para não deixarmos factos muito importantes nos escaparem. Fica a dica…


Cenas Que Curto

CEO do site CenasQueCurto.Net

4 comentários

Adalberto Assis · 29 de agosto de 2011 às 20:54

A  omissão de factos desacredita os narradores em qualquer contexto que seje maioritariamente munido de verdade!!!!
lembro como se fosse hoje uma cena do Hip Hop bem antiga a passagem na TPA de um clip onde estava o Nelboy dasta burtha AKA Masta Basta  a interpretar com outro elemento '' abra cadabra a porta que abra''  boas recordações.

Kanhanga · 29 de agosto de 2011 às 20:54

Primeiramente parabens ao Mutu por descrever a tragetoria dessa cultura em Angola, as linhas traçadas dão um bom arquivo para que as gerações vindouras tenham uma compreensão mais abragente desse movimento no territorio angolano. Porém, concordo com o CENAS quando diz que não podemos fugir dessa realidade, é importante respeitarmos todo trabalho que o SSP fez em prol do Hip Hop Angolano que não é pouco. Não sou fã do SSP, mas ja dancei muito os sons dos niggaz e tenho maior admiração pelo trabalho deles.

Riquinho Maieto · 30 de abril de 2014 às 11:57

É realmente surpreendente a forma que a narrativa foi feita, porque noutro hora eu desconhecia muitos dos nomes que foram mencionados neste artigo. Gostei bastante e espero e espero que haja mais e mais iniciativas do género para o enriquecimento desta historia do hip hop nacional. Mas eu ainda acho que houve factos que ñ foram mencionados, nesse caso,torna incompleto o historial! Força aí mano pela iniciativa.

Soba L · 24 de outubro de 2014 às 20:13

Excelente Reportagem…Não sabia metade da missa,

Sim, pecou apenas pelo branqueamento da carreira e contributo dos SSP,

One Love!

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