Numa rápida passagem por um dos meus blos favoritos “www.lusotunes.blogspot.com” encontrei essa grande entrevistas feita ao Condutor(Conjunto Ngonguenha & Buraka SomSistema). “Roubei” uma parte da entrevista e deixei no final o link para lerem a cena toda… Recomendo!!!

Como surgiu a sua paixão pelo hip-hop?

Lembro-me por volta de 1993-1994 em Luanda ouve um boom do “eu queria um Ferrari amarelo” do Gabriel o Pensador e a partir dai que fui me sentindo intrigado com essa forma de “falar por cima das melodias“. Já havia algum contacto prévio mas mais mesclado no explosão internacional com o “I’ve got the power” e outras coisas do género mas só prestei mais atenção quando ouvi em português.

Descreve-nos o teu trajecto dento do mundo do hip-hop angolano?

Bem, depois de vir para Lisboa viver e ja estar mais dentro do movimento e dos “canones” da cultura, acabei por re-encontrar o Luaty (que tinha sido meu colega de escola) e ele me apresentou uma nova face do rap angolano, Mc Kapa, Filhos da Ala Este, Hemoglobina, etc etc etc… Acabei por entrar em contacto com alguns deles e pouco a pouco fui produzindo para alguns destes artistas, eu tinha pouco mais de 1 ano de produção quando fiz metade do disco do Mc Kapa (Trincheira de Ideias) e bem… dai para a frente fui sempre dando o meu contributo quando me fosse pedido, Kid MC, Mc Kapa, Leonardo Wawuti, Keita Mayanda, Phay Grande, Ikonoklasta, etc etc etc

Quando e como surgiu o Conductor como productor e não só MC?

Eu comecei a produzir em 2000-2001, um grande amigo, o Loxe, mostrou-me o Fruity Loops e fui mexendo mais e mais na altura já tocava um pouco de guitarra e fui só misturando o que bem me apetecia com o “como deve soar”. Lembro-me de samplar uns desenhos animados manga e me sentir o Madlib português… Hahahhahahaha.. o tempo passa não haja dúvida disso…

Como Mc comecei em 1998, assim que cheguei a Portugal conheci alguns rappers do circuito tuga e comecei a fazer algumas coisas com eles, freestyle, algumas rimas escritas, etc etc.. mais tarde fiz parte de um grupo chamado Nova Trova com uns amigos mas acabamos por nos separar.. A dada altura comecei a prestar mais e mais atenção ao rap que se fazia em Angola, acho que sempre senti mais “espaço para crescer”, havia menos “barreiras psicológicas” e o pessoal sempre foi mais dado a experimentação sem usar bases de referencia.

Pensas ser melhor a cantar ou a produzir?

A produzir sem sombra de dúvidas, não acho que seja um mc exímio nem nada do género, acho que me preocupo demais com o quanto a mensagem que quero transmitir vai ser recebida.. e isso acaba por me dificultar o processo de espontaneidade que faz falta para embelezar o flow. No entanto, tenho alguma facilidade a fazer freestyle e acho que talvez ai me sinta um bocado melhor..

Quais são as producções tuas no hip-hop de que mais te orgulhas?

Eu vou te Queixar – Conjunto Ngonguenha
After Hours – Tekilla
Faz parte do Hustle – Força Suprema

E o rapper com que mais gostas de trabalhar, seja por motivos criativos ou outros quaisqueres?

Há vários tipos de artistas…

o Ikonoklasta tem sempre aquele desafio e aquela ideia complicada que vai demorar a criar mas cujo resultado final vai ser extraordinário. O NGA é sempre aquele mc que me surpreende sempre, é eficiente, tem uma escrita muito fluída e de rápido impacto e tem um tempo de entrega surpreendente.. 15 minutos por som, dobras, adlibs, coro.. é incrível.

Como avalias a qualidade productora do hip-hop lusófono em geral?

Acho que há produtores muito bons e acho honestamente que é o pilar que mais tem desenvolvido nos últimos anos, os beats soam cada vez mais a beats e a mistura vem evoluindo a longos passos. Kilú, Bambino, Sandokan, Aires, Eliei, Sam The Kid, Nave, Marechal têm sem dúvida nível para representar a lusofonia num evento de produção mundial.

Como tem sido a tua aventura pelo mundo do kuduro? Encontras semelhanças às tuas origens no hip-hop?
O mundo é do kuduro dentro de Angola, para nós da Buraka é o mundo da música electrónica (ou música urbana como chamamos), estamos no mesmo palco que os Daft Punk, Major Lazer, Crookers, MIA, Sinden, Benga.. é apenas diferente, é um mundo de espectáculo altamente direccionado a música de impacto e de dança. Desde o momento que tens mc’s com microfones a fazer o público se mexer e vibrar seja que tipo de som seja para mim há uma ligação directa com o hip-hop, afinal a base é a mesma.

Acho que o kuduro hoje em dia representa melhor o quotidiano angolano do que o hip-hop que temos feito. Há mais originalidade e criatividade pelo menos sem sombra de dúvidas e é claro que é a maior expressão cultural que o país tem a décadas.

5 MCs que respeitas, em Angola e no estrangeiro?
Angola – Leonardo Wawuti, NGA, Mc K, Phay Grand & Bruno M
Estrangeiro – Drake, Mos Def, Elzhi, Ludacris, The Game

5 artistas que ouves quase que diariamente?
Marcia, The Game, Drake, Irmãos Almeida & Matias Damásio

Álbum de hip-hop preferido?
The Game – Doctor’s Advocate

Álbum preferido, excluindo o hip-hop?
Márcia – Márcia

Cidade preferida?
Tokyo

Livro preferido?
7 Minutos, de Irving Wallace

Líder mundial preferido, e porq
uê?

Presidente Gasolina e Príncipe Ouro Negro, porque nem tudo tem que ser político…

Pensamento do dia:
“Morrer é burrice, no caixão faz calor”

Deixo aqui então o link para lerem a entrevista toda… Clique aqui


Cenas Que Curto

CEO do site CenasQueCurto.Net